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Um Dinossauro na Startup

Autor(a): Sergio Penna Laskowski
Postado em: 13/07/2017

 

Mapeamento das Certidões do Conselho de Urbanismo (CEMUMA)

Parte 4 – A maldição alta resolução espacial, ou o que cabe em um pixel não é o que você espera que caiba.","

Quando comecei a trabalhar com sensoriamento remoto o satélite Landsat 7 gerava imagens com 15m, consideradas então de alta resolução espacial. Aliás é bem curioso acompanhar o que significou ""alta resolução"" através dos tempos. Hoje o mercado já apela para superativos do tipo ""altíssima resolução"", na falta de termo melhor. Com o advento dos drones e suas tomadas de dados com vôos mais baixos é possível que finalmente chegue a um termo aquela famosa tabelinha que tentava classificar o poder de descrição dos dados a partir de seus sensores.

Ainda fazendo referência à época do Landsat, naquele tempo fui desafiado a traduzir do tecnocratês para alguma linguagem compreensivel o que os cartógrafos e especialistas em geoprocessamento e sensoriamento remoto queriam dizer com tudo aquilo. Assim, em meus textos o GSD (groud sample distance) ou resolução espacial, se transformava em ""o tamanho aproximado que um pixel recobre no terreno"". E isso me levava a explicar o que era um pixel...

Okay, são tempos passados e hoje todos sabem o que é um pixel e o que ele isoladamente representa e significa no mundo do sensoriamento remoto. Será?Há poucos dias, andei lendo em publicações ditas especializadas que determinado sensor que oferecia uma resolução de 30cm era capaz de ""identificar objetos de 30cm"". Se alguém me explicar como é que se consegue identificar um objeto apenas com um pixel isolado e levando em consideração apenas um dos lados daquele ""quadrado"", eu serei eternamente grato.

Uma coisa que me deixa perplexo é aquilo que chamo de síndrome do ""meu é maior que o seu"". Me refiro aos discursos que colocam como qualidades insubstituíveis e inquestionáveis a dita altíssima resolução espacial.

Tudo bem, é muito bom poder contar com um pixel com GSD de 2cm, mas eu sou chato e pergunto: quem realmente precisa desta resolução? Até que ponto essa massa enorme de dados ajudará na extração de informações e a partir de que momento ela será um fardo de bits, ruídos e ""ajustes"" em histogramas?

Na DroneMapp trabalhamos com plataformas que nos oferecem um poder de descrição realmente fantástico, mas evitamos abusar desta alta resolução e equacionamos o processamento das imagens em função do produto final, de sua precisão e acurácia e de sua escala cartográfica de representação. Aprendi com bons profissionais a seguinte máxima:

"Não comprar um .38 pra matar mosquito, nem ir armado com estilingue pra caçar onça"

Adequar o processamento das imagens ao produto final é bacana em diversos aspectos:

  • O volume de dados a ser manipulado e o tempo de processamento diminui;
  • Evita-se preciosismos desnecessários no momento dos técnicos extraírem informação vetorial;
  • O ruído diminui;
  • Seus modelos tridimensionais serão mais leves e seu insumo será mais adequado à situação que você estará representando.

Lembrando que o insumo original manterá a resolução de coleta dos dados, para o caso de você REALMENTE precisar dela.

Pra fechar a idéia, diria que estamos acostumados a entender aquilo que ""cabe"" em um pixel basicamente como os atributos de X, Y e Z, a faixa do espectro eletromagnético registrada com os valores de RGB e NiR e por aí vai. O que muitas vezes não pensamos é que se temos uma quantidade exagerada de pixels em uma cobertura, outras coisas mais caberão no pixel: problemas.

E quem viver, voará.